COMO HOJE TUDO ESTÁ CHATO!

Ismael iglesias

Hoje eu estava vendo um post de um amigo piloto que voou no garimpo, na época em que quase todos ficavam baseados em Itaituba-PA. As fotos eram basicamente das décadas de 70 e 80. Era comum e normal, os pilotos pousarem em algumas estradas e deixarem os aviões na frente ou ao lado dos bares, assim como os cowboys faziam nos filmes de farwest só que com  cavalos em vez de aviões… Passavam a noite bebendo, comendo e “beijando” as mocinhas dos bares/boates da beira da estrada, e no outro dia, abasteciam, isso mesmo, havia gasolina de aviação nesses locais, decolavam e voltavam à vida de aventuras pelos garimpos. Transportavam tudo o que possamos imaginar, desde tambores de combustível, alimentos, animais, ouro, pessoas e dinheiro oriundo da venda de ouro, um favor que faziam para os garimpeiros.

Aqui na minha região, era comum os pilotos, com suas “muriçocas” (Paulistinhas) disputarem corridas com o trem da NOB (Noroeste do Brasil), o famoso trem da morte, que ia de Bauru até Santa Cruz de La Sierra na Bolívia, também disputavam com os caminhões e carros que rodavam pela Rod. Mal. Rondon. Era interessante voar ao lado do trem e ver os passageiros com as cabeças para fora da janela, olhando para o avião e sem entender o que estava acontecendo.

As “paqueras” eram feitas com rasos sobre as casas das mocinhas, tanto na cidade, como fazendas ou cidades vizinhas, principalmente quando se conhecia uma moça nos bailes, no outro dia já havia motivo para uns rasos. Bastava acontecer uma festa/churrasco em uma fazenda, ou quermesse nas igrejas de bairro que a turma rumava para lá como uma numa revoada das velhas águias, mesmo com as autoridades da cidade na festa. Perigo, acidente? Nunca houve, e todos eram aplaudidos pelos presentes. Quando eu era criança, era comum a gente dizer: eu vi o homem, referindo ter visto o piloto, dado a baixa altura que a aeronave voava.

Atualmente, se um avião estiver numa altura em que seja possível ver o prefixo, mesmo com binóculos, acabou o sossego dos coitados, proprietário e do piloto da aeronave. No mesmo dia aparecerá na imprensa reportagens com filmagem de muitos celulares, depoimentos de supostas testemunhas, dizendo horrores. A Anac, sociedade protetora dos insetos voadores, como mosquitos e pernilongos, vai se manifestar com multas processos, tudo para acabar com a vida do proprietário e do piloto.

Meu pai, era gerente de uma oficina de caminhões da FNM (FeNeMê), Alfa Romeo, Mercedes, Ford, entre outros veículos a óleo diesel, e os apelidos dos mecânicos, motoristas e amigos, eram: Nelson 17 (Nerso 17), devido a sua cor e alusão ao jogo de bicho, Morcegão, pelo jeito desleixado, Terra Seca por sua origem nordestina, Bicicleta, porque andava de cadeira de rodas, Mané “farta peça” (falta peça), por ser um tipo tresloucado, entre muitos outros apelidos. . Havia também o Marginal, o Sujeira, o Capeta, etc. No final da década de 60, começo de 70, houve uma tentativa de homicídio (com faca, que na época todo mundo tinha armas de fogo, mas as brigas e crimes passionais eram resolvidos com facas, marretas, machados…) e o delegado/escrivão perguntou para a vítima: -O senhor tem testemunha? Sim, respondeu, tem o Marginal, o Sujeira e outro que eu não me lembro, mas com apelido parecido. . Não pensem que esse fato é fictício, creiam, é verídico, mas eu não irei postar os nomes verdadeiros.

O meu pai é descendente de espanhóis, mas o apelido dele na família era Nego, ou Tio Nego, que na tinha nenhum traço africano. Tudo acontecia de maneira respeitosa e ninguém se sentia ofendido ou discriminado. Meu irmão e eu éramos conhecidos por espanhol branco e espanhol preto, respectivamente.

Eu não sou fumante, isto é, fumei um pouco e parei há uns de 35 anos, Naquele tempo, era uma fileira de bancos nos aviões que dividia a categoria dos fumantes e não fumantes ou uma mesa nos restaurantes, que resolvia a situação dos não fumantes, entretanto atualmente leis proíbem de fumar em qualquer lugar, dentro das áreas das empresas públicas então, não é possível fumar nem nos lugares abertos, devendo o fumante ir para fora da área de domínio da empresa, isto é, fora do portão de entrada. Nem tudo ao céu e nem tudo a terra, deve haver um meio termo nesse imbróglio. Sei de prédios que proíbem o fumo nas áreas comuns, mesmo as abertas, assim como cidades com têm projeto de lei para proibir de se fumar em espaços públicos, como praças, parque, etc… Até onde irá a insensatez?

E o que isso tem a ver comida e bebida? Vamos voltar a esses tempos. Nos fins de semana, nós da cidade, visitávamos os parentes que tinham sítios ou fazendas. Cada turma fazia uma coisa, pescar, caçar, nadar nos rios e cachoeiras. No final tarde todos se juntavam para se confraternizar com o que cada turma havia conseguido, daí saía uma fritada de peixes e passarinhos que foram abatidos. Naquela época, nada de refrigerante ou cerveja, essas bebidas a gente tomava somente em aniversários e festas de final de ano. Toda a família ficava reunida ao lado de uma mesa com lambaris, piabas, traíras, codornas, rolinhas, pombas, “et ceteras”, As crianças/jovens tomavam limonada ou laranjada, com frutas recém colhidas e os nossos pais ficavam na cachaça. Espremidinha ou caipirinha sem gelo, uma vez que não havia geladeiras na zona rural. No final da tarde, ou noitinha voltávamos felizes para a nossa casa na cidade, sem problema de bafômetro ou coisa parecida, também não havia cinto de segurança, muita gente nas carroçerias das camionetes ou caminhões, e todos chegavam com segurança.

Quando eu tinha os meus 8 ou 10 anos, presenciei um fato inusitado quando fui com o meu pai, que era mecânico, socorrer um caminhão quebrado, que estava junto a um Posto da Polícia Rodoviária. Era a tardinha e um caminhoneiro que havia parado por ali, depois de tomar um banho, apareceu com uma garrafa de cachaça, e perguntou se alguém tinha abridor de garrafas. O policial rodoviário, prontamente, sacou a arma, pegou a garrafa de cachaça e abriu a garrafa com o cão do revólver, e ainda disse: “- aqui a gente abre assim”. Nos restaurantes dos postos de abastecimento nas estradas se vendiam cervejas e em alguns havia inúmeros vidros com cachaça com ervas e madeiras, como sassafrás, carqueja, cabreúva, emburana, e até cobra… com torneirinha para deleite dos fregueses.

Já falei em outro artigo quando a minha família ia ao sítio do meu tio e meu pai abatia um porco, uma vez que só se cozinhava com gordura de porco, todos ajudavam, cada na sua função. A molecada corria para não ouvir o porco gritar, e em seguida cada um com a sua faca já estava ao lado do suíno para ajudar, isso eu já fazia com os meus 7 ou 8 anos. Quando havia churrasco, ou casamento, o usual era abater uma novilha no sítio mesmo, abrir uma vala e assar as carnes. Nada disso era irregular. Não havia ANVISA, SIF, IBAMA, Polícia Florestas, ONGs etc, para perturbar, ou proibições de abate fora dos abatedouros credenciados. Óbvio que esses abates eram para o consumo familiar.

Quase todos caçavam e pescavam e HAVIA PEIXES E FAUNA DE CAÇA em abundância. As autoridades não se preocupavam com registro ou porte de armas, carteirinhas de pescador, caçador, tudo ocorria na maior normalidade. Cada um abatia o que iria comer e só isso. Hoje tudo é proibido, nossos rios estão poluídos, sem peixe, e nada de animais para caçar Para se abater um Por ser um animal exótico, o javali tem sua caça liberada, é uma tremenda burocracia, a permissão se estende somente aos Caçadores registrados no Exercito, filiado a um clube de caça e com permissão do proprietário do local. Por não ter um predador, que no caso seria a onça, se proliferou de forma desordenada, acabando com plantações. A caça é um instrumento de manejo ambiental para equalizar a população, assim como ocorre nos EUA e Canadá. Por ser da fauna nativa, a capivara não tem liberação para caça, mas também está fora de controle e proliferando doenças devido aos seus carrapatos, sem dizer no prejuízo social e financeiro por atacar as lavouras. Búfalos, também estão descontrolados no norte do país, não é nativo, e a sua caça não foi regulamentada. Depois da proibição da caça dos jacarés no pantanal, quando havia os coureiros que abatiam os animais, sem predador, exceto onças, esses répteis estão fora de controle, com superlotação de jacarés e conseqüentemente em desequilíbrio. Se sua caça não for regulamentada, brevemente teremos muitos problemas, principalmente com ataques aos humanos.

Nós carnívoros sofremos um “bulling” branco, chegando até dizer que o gado é um dos maiores poluidores, pode?

Em Nova York já é proibida a venda de foie grás. A Califórnia está em vias de fazer o mesmo. Em São Paulo o então prefeito Haddad, fez a mesma proibição, graças a DEUS, depois revogada, sendo que ele era um dos fregueses que mais pedia a iguaria nos restaurantes.

Sei que o que eu vi e fiz nunca mais teremos de volta, mas, que tal essa gente ter um pouquinho de sensatez e parar com esse tal de politicamente correto. Se a pessoa quiser comer bacon, hambúrguer sintético, que fique no quadrado dele, e deixe a gente viver no nosso quadrado, com nossas costeletas de porco, um carré de cordeiro, uma bela picanha, um magret e um delicioso foie grás (já falei sobre esta iguaria no artigo, superalimentado ou castrado).

Visited 1 times, 1 visit(s) today

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *